segunda-feira, 31 de maio de 2010

TUDO SE FEZ PERENE NO CORPO DA ALMA




Elas estão unidas.
Nas suas peles virgens foi tatuado o nome de ambos.
Elas foram guardadas com cuidado dentro de uma caixa de delicado veludo azul
Dentro do bolso esquerdo do palitó elas se movem no compasso assimétrico do coração do jovem ansioso de mãos frias, quinze minutos, esse é o tempo do atraso, a insegurança deixa sua garganta seca. Onde estará ela...
Ele acaricia o seu bolso cujo presente que irá mudar sua vida está guardado.
Assim, nos seus pensamentos, deseja saber como estarão ele, ela e a sua vida daqui a dez anos.
A rosa vermelha deitada ao lado das taças de vinho, uma ainda vazia, deixa o ambiente com sabor de romantismo.
“O que as alianças significam na vida das pessoas - ele pensa - não essas que estão guardadas no meu bolso, mas sim as que envolvem as árvores genealógicas que se estendem ao longo das estações do tempo.
Apenas, me encantei por ela.
Não sei se por causa do nome, mas, Beatrice tinha olhos poéticos.
Quando a conheci foi como uma manhã de sol, seu toque na minha mão, seu olhar caminhando na mesma linha imaginária dos meus olhos, e finalmente sua voz quase tímida: Prazer.
E agora quero o seu rosto na eternidade dos meus dias.
Assim, feita de filhos e cheiro de comida.”

terça-feira, 25 de maio de 2010

PENSAMENTOS NÔMADES – Procurando um lar



Os gatos arranham a madrugada dos telhados frios e protetores dos sonos inocentes.
Distante ainda pode se ouvir o barulho de uma TV ligada, provavelmente alguém adormecera sem se dar conta.
Pelas ruas quase vagas sinais abrem e fecham automaticamente, deixando a paisagem com aroma de monotonia e silêncio.
Algum mendigo dormindo ao relento sonha com o conforto de uma cama quente e o cheiro das cobertas limpas, o orvalho da madrugada deixa tudo frio e úmido.
Paisagens sonolentas se estendem pelas ruas, viventes noturnos carregam suas angustias solitárias.
As pálpebras da madrugada alta pesam sonolentas abrigando os seus devotos.
O sono se mistura no que está acordado.
A noite se estende no tempo em um segredo saboreado de solidão.
Apenas uma confissão de querer está em carne e alma.


quarta-feira, 19 de maio de 2010

A ÁRVORE E SUAS ÍNTIMAS CONFISSÕES



No verão é quando mais doe.
Seus braços que eram aconchego onde os pássaros faziam seus ninhos, agora estão desabrigados como alguém que clama por socorro. Esses moços emigraram para acolherem-se em outras moradias.
As canções que ela ouvia também voaram nos bicos poéticos.
Ensurdecida é agora pelo o barulho de vento rasgando o silêncio seco e abrasador.
Na madrugada ela sente saudades de suas roupas que a protegia do orvalho frio.
Não tem mais o cheiro de flores nem borboletas nos seus cabelos.
Tudo amanhece lento.
No outono é quando mais chora.
Automaticamente sua face se torna amarelada, seus olhos tristes vão discernindo toda a paisagem se modificando, vestindo o chão com as folhas inertes.
Enquanto ela, pouco a pouco é descoberta como mulher nua e solitária a espera de um carinho.
Inverno é cobertor ou vontade dele.
Ela sente sono e descansa por um longo período sentindo seu corpo ligado ao mundo através de suas raízes.
Todas as noites ela sonha com o aroma e o colorido dos campos.
Senti seu interior revigorando, sua respiração mais forte.
Desabrochar é primavera, amar novamente.
A vida soprou nos seus ouvidos em manhã com cheiro mato fresco dizendo:
Cheguei, acorde.
Era ela!
Seu coração palpitante quase não teve tempo de se espreguiçar.
Reconstituindo-se rapidamente, ela tratou de gerar sua roupagem juvenil.
Em pouco tempo ela era árvore feita, revestida de folhas que dançavam no ar, deixando pingar por entre elas pedacinhos azul do céu.
As flores ornamentavam a vida silvestre.
Ela pôde novamente enxergar a revoada de pássaros voltando para musicar novamente a sua vida.