quarta-feira, 29 de abril de 2009

O VENTO VARRE AS CINZAS DA QUARTA-FEIRA


 A ressaca da saudade ficou na quarta-feira de cinzas.
Ele, também já tinha amanhecido.
Palavras, como saberei dizê-las, falar do seu toque, seu cheiro, seu beijo.
Território preenchido.
Desconhecido.
Como se presente fosse, o cenário abandonado ainda guarda o cheiro da noite em festa.
Festa...
Há, era assim que ele me chamava, de festa!
Mas nem sabia que se eu estava em festa era somente para o seu corpo, todas minhas fantasias, minhas músicas, meus passos de dança, minha alegria, era pra deixá-lo feliz. Ele era meu salão de alegrias naquelas noites coloridas de risos e sonhos.
Nas altas madrugadas ressacadas eu dançava em seu corpo com mãos, pernas, boca, língua, palavras e poesia.
Procurava fazer de cada instante uma eternidade feita de lua e sorrisos, parecia eu uma colombina dançando nos arredores de sua vida, e às vezes sentia o desejo de ser uma pequena parte dela, no seu íntimo, pois nele via um refúgio onde meu ser queria morar, cheio de acalento e calor. Mais quem seria ele, um Arlequim ou um Pierrot?
Apenas sonho.
Eu sabia.
Muitas vezes no aconchego dos teus braços, sentia falta deles, por pensar na despedida e no quanto eu sentiria saudade na sua ausência. Como um livro já lido.
Foi tão bom ser a festa de sua noite.
E é tão triste ser dele, agora ausência...
De que será que eu existo?
Aonde é que mais existo?
Agora não sei, estou perdida nas minhas lembranças, no que me falta.
Quando amanheceu o dia...
Ainda restava em meu copo talvez uma dose, mas a musica silenciara.
Ele.
Como explicar?
Solidão é o que se faz de uma ausência, um desejo de mãos que buscam...
Apenas existo com todas as minhas faces, sentir é o que me faz ser humana....

terça-feira, 7 de abril de 2009

ÂNSIA

De tanto que te encontrei me perdi de mim...
De tanto que te encontrei me perdi de mim...
De tanto que te tentei, morri de vontade.
De tanto que te beijei, sofri na ânsia.
De tanto que te senti, existi em ausência.
De tanto que te brinquei, calei em verdade.
De tanto que te bebi, adoeci de ressaca.
De tanto, tanto... Que quase chegou a ser eternidade.
Dessas onde fica preso o olhar...
Que sabemos...
Que vivemos...
Ou talvez, perdemos.