terça-feira, 19 de janeiro de 2010

DESPEDIDA

Ele partiu.
Para outra cidade,
Para outro estado
Para outro amor que
Talvez o espere com saudade.
Ele partiu.
Da minha cidade,
Das minhas calçadas,
Dos bancos da minha rua.
Também dos meus abraços,
Dos meus beijos,
Da ardência do meu corpo.
Ele partiu.
Das minhas madrugadas,
Das minhas noites de lua e estrelas,
Da minha embriaguez,
Do meu carnaval,
Da minha festa.
Ele partiu.
Como nuvem,
Como chuva,
Como vento,
Como pássaro,
Como primavera.
Ele partiu.
E sua partida me deixou uma certeza:
Ele não partirá!
Não do meu ser.
Se pudesse tê-lo, talvez o amasse...

domingo, 3 de janeiro de 2010

NA MARGEM DO TEMPO


Pintura de Nettzo


Tempo, tempo...
Passei os olhos por ele, monotonamente.
E cada gota sua parecia lágrima, um orvalho, talvez.
Uma coisa sem forma.
Quem sabe também, uma amanhã que não virá ou que um dia já passou voando além de mim.
Bem acima dos meus sonhos, há uma casa vazia cheia de vento.
Já o vento, é um belo companheiro, pena que passa e tudo decorre através de suas correntes prazerosas.
E eu sentada num pedaço de lugar, de qualquer lugar, observo tudo ir embora preso aos outros.
E tudo e ele.
E eu permanecendo pedra por fora e sonho por dentro, talvez exista.
Como dói transbordar.
E ele escorre, desliza vagaroso, sem pressa.
Umedecendo minha alma, como noite fria na calçada. Um relento coberto.
Boneca de pano jogada fora.
E entre o entrelaçado de galhos e folhas tecendo raios de sol ele também se aflora e eu ainda aconteço como flor, por um instante somente.
Quão bela e a sensação que existe no intervalo das lágrimas, um mundo perdido em uma lembrança.
Florescendo para um sonho vou embora e a torrente se inicia.
Tudo transborda e se faz em correntezas.
Tempo, tempo...
Onde tu estás?