Com a mesa já posta e os talheres
devidamente colocados no lugar, ela o esperava.
Um aroma delicioso vindo cozinha
denunciava as medidas exatas dos temperos usados por ela, para o preparo do
jantar.
A idade do vinho também evidenciava a
importância da ocasião.
Ester tinha cabelos longos e levemente
ondulados que deslizavam delicadamente pelo contorno das suas costas claras
intensificando o negro dos cachos.
Seus olhos também eram pretos e assim
como a noite guardavam segredos.
Benjamim era alto, tinha olhos castanhos
e pele morena e não sabia por que amava Ester, mais a amava cada dia como se
descobrisse uma novo artefato dentro do seu tesouro.
Aquele rapaz encantara aquela moça, e
era tão envolvente aquela paixão a ponto de tirar seu sono.
Ela sentia o cheiro dele, mesmo quando a
sua presença ainda era longínqua.
Os dias de Ester eram uma devoção e seu
coração chamava por ele constantemente, assim como planta em dias de seca clama
pela chuva.
Outro universo se formou ao redor da sua
vida como uma flor protegida por uma redoma.
A hora marcada se aproximava e, o que
cobria o corpo de Ester era um curvado vestido de cores fortes e insinuantes. Seu
coração batia descompassadamente como se as horas estivessem paradas dentro
daquele momento.
Um vento frio invadia as venezianas e um
silêncio se espalhava pela casa.
Todos os dias eram um novo começo.
Aquele era um novo começo para um novo
amor.
Uma eternidade dentro de um coração.