terça-feira, 1 de novembro de 2011

INDAGAÇÕES AO SENTIR



PARTE 1

Onde ficou perdida a explicação dos sentimentos humanos?
Como compreender a voz sussurante da alma chamando pelo abraço do outro?
 Um olhar que faz arder o coração, sentindo a atração contida num aperto de mão.
De onde vem esse querer, essa vontade devorar ?
Em qual parte de nós estará contido segredo de Eros  e  Psiquê, em qual arca estará o pergaminho com as primeiras palavras de amor? Sendo Psiquê a alma,  Eros o amor, talvez essência e carne.
Busquemos esse princípio para a compreensão do agora, desse êxtase  contido na garganta que chama pelo nome, pelo desejo dos braços  querendo enlaçar outros braços no ardor da carne.
Será esse o destino do amor? O sofrimento? Será esse o sabor? O que queriam os povos das antigas civilizações em criar explicações para o amor eterno, como a história de Orfeu  que com encanto da sua lira desceu até o reino das sombras enfrentando multidões de fantasmas para ter sua amada Euridice de volta, Orfeu quando cantava em nome do seu amor, emocianava até os prórios fantamas e monstros, que força seria essa do amor?
Platão  na sua necessidade de descrever o amor  na criação do mundo, diz que no principio os seres humanos eram dois corpos em um,  tinham quatro braços e pernas  sendo assim a unificação do humano, Zeus jugando-as criaturas arrogantes e auto-suficientes decidiu  reparti-las, e espalhar suas metades em lugares distintos do mundo, diminuindo assim seu poder e felicidade. Desde então cada metade passou a ansiar ardentemente por reencontrar a sua metade,  numa busca eterna e incessante.  Será essa a explicação para a nossa procura do que muitas vezes, não sabemos o quê? 
Tentar ser um só no abraço, no calor do corpo, na convivência do dia-a-dia, amar sem deixar de acreditar que encontramos nossa metade. Isso tem sabor quando guardamos dentro sentimentos,  ilusões regadas, o sofrimento ou a legria de poder amar sempre. Em que tornaremos  esse desejo que renasce dentro, dentro de nós?
Amar é saber se sentir presente na intensidade do desejo. Bom é o sabor da descoberta, ancorando em terras não desbravadas, a sensação do primeiro toque na criatura amada.
Eu também sou o começo dessa coisa que está em mim, sou as primeiras palavras no corpo quase nu da minha vida, e amo a busca do amor. Tenho prazer em sentir.
Para o amor, digo:
Eu, você, metades dispersas procurando um aconchego para a carência.  Ainda não me enlacei na tua vida para senti-la  mais de perto, talvez pudesse ser minha unificação, ou parte dela. A sua enérgia me atraí.
Nossa vida é feita pela delícia das histórias vividas, lembradas com saudade. Estou escrevendo os primeiros rescunhos desse conto mas, também preciso das suas palvras para nutrir de inspiração esse meu romance. E agora te confesso em palavras nuas: preciso das suas mãos ardendo em desejo, da sua boca quente em noite fria, quero seu sangue agitado nas veias. Talvez desse romance ainda prematuro ainda com poucas linhas, eu seja as palavras sublinhadas com devoção.
Não quero sentir apenas o cheiro da chuva, eu quero a própria chuva caindo em mim.
Venha e se misture ao meu sangue.


Por Izabel Goveia

PARTE 2

Transcender, abusar, devorar, abocanhar, chocar-se, trair, amar, odiar, gozar, conversar, brincar, devorar, transcender novamente, flertar, apreciar, detestar, gozar mais... Voar, imaginar, escrever, pensar, gozar... Engolir, experimentar, gozar... Fugir, amar, trair novamente, odiar, gozar... Amar, gozar.
    Nascemos do gozo, e terminamos em pó. Quando tudo poderia ser ao contrário. De que adianta lagrimas da chuva, minhas ou tuas, ou mesmo fecundas cheias de vida, se tudo acabará em ruínas?
    Para que ser perfeito, se a perfeição humana não é eterna? A vida é uma aventura com o início decidido por outros, um fim desejado por nós, e tantos entreatos escolhidos aleatoriamente pelo acaso.
Zeus e Platão que me desculpem... Minha outra metade esta morta! E não fui eu que assassinei. Morreu vítima das histórias possíveis, das reencarnações passadas, das “distâncias” e dos contos de fada. Tento ressuscita-la em todos os momentos, mas parece que o tempo torna essa magia cada vez mais difícil, massageando minha liberdade e ego.
    Prefiro deste modo, encontra-la em todos os lugares, em todos os momentos, em todas as pessoas, em tudo. Minha outra metade é o universo, é um objeto, e eu simplesmente o amo. Pois o amor que tenho a ele é eterno, me dá prazer, e não é digno de perecer nas futilidades do dia-a-dia, no comodismo, e na monotonia, ele não vai me abandonar enquanto “eu” estiver vivo. Como isso sempre tem ocorrido até então, um prazer efêmero.
    Em meu intimo, em sua maior profundidade, sinto que o auge do meu livre-arbítrio seria negar a própria liberdade, assim sendo, o impossível... Ser livre para não ser.
    Mas há quem diga que é possível ser livre com outra pessoa. Neste caso, e apenas, para ressuscitar minha metade dispersa será necessário um longo ritual de magia negra. Preciso saber o que há de mais obscuro, para assim, tentar transcender. É doloroso, desejas? Destarte, de repente, no meio de uma frase ou movimento te surpreender.
-Como estou completo outra vez.
Não terás só a chuva, como também toda a “terra”, o possível, impossível, o acaso, a natureza, os sonhos, e uma liberdade nunca antes sentida, serei parte dela, estarei em ti... Realmente desejas?
Por Eduardo Correia



quarta-feira, 31 de agosto de 2011

DEVOÇÃO E ALIMENTO – Semeando essências guardas


Seu coração alçou vôo como um retirante que fugiu da solidão. Ela se despediu para se encontrar no aconchego daqueles braços que lhe ofertavam não só um abraço, mas, o calor nas manhãs frias de inverno e afeto ao seu ao seu corpo antes do sono.
No decorrer dos dias tudo se descobria, se descortinava.
 E o amor era como um pomar repleto de cheiros e frutas para serem colhidas a cada manhã.
Éramos entrega.
Éramos fulgor.
Ardência de corpos.
Éramos o amor acontecendo delicadamente como a harmonia de uma sinfonia.
E assim a vida era uma criança inocente brincando de ser feliz.




sábado, 18 de junho de 2011

VIVO, QUANDO DISTANTE PARA AQUELES OLHOS


O vento daquele fim de tarde fazia uma criança brincar com seus próprios sonhos. A pipa voava liberta no céu dando vida aos últimos suspiros do dia que se despedira adornando o céu em tons  claros e nostálgicos. Todo fim de tarde se parece com uma despedida.
Despedimos-nos de nós mesmos, das nossas alegrias, nos despedimos dos nossos sonhos, e pensamos: mais um dia...
Assim com essa nostalgia não nos despedimos da saudade, ela sempre nasce no fim tarde e percorre nossa vida como se nada mais pudesse existir além daquele fim,  quando já não podemos mais fazer o que almejamos porque, o dia já morre e a noite é muito silenciosa para gritarmos nossos desesperos.
Quando o dia morre, pensamos na nossa própria morte e contemplamos os vestígios de claridade com mais amor e esperança de que eles voltarão e poderemos abrir novamente os olhos e o dia nos esperará.
Vivemos assim com olhos postos sobre a vida alimento um velho saudosismo que nos impede de não lembrar as paisagens contempladas e que hoje já existem longe demais para os nossos olhos, já cansados, alcançar quão grande é o seu esplendor.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

UMA CHUVA DE SENSAÇÕES – É SEMPRE PRECISO


E não foi só os olhos que choveram, toda a nuvem desabou em suicídio.
Com as árvores mortas a terra estava nua e fria.
E o ar silencioso cobria toda aquela noite com seu manto nostálgico.
Existia um mundo dentro daqueles olhos inundados, como um artefato antigo no fundo do oceano.
Na face nítida da noite existiam algumas estrelas pálidas em sono leve.
Mais ela sempre tão completa, sentia agora um estranho prazer no mistério daquela coisa que não só ardia na pele, mais também a encantava.
A moça descobria o segredo do sentir em ricos detalhes. Ela não era o ser que chorava, era a lágrima que escorria contando sua tristeza para face que se doava com devoção para aquela expressão encharcada.
E não foi só os olhos que choraram naquela noite, não foram só algumas lágrimas fugindo pelo canto dos olhos, todo seu ser comoveu-se e fez silêncio em respeito aquele coração que escurecia sem esperança de um alvorecer.
Os pássaros assustados voaram em plena madrugada.
Ela não sabia se as pálidas estrelas tinham morrido, ou se eram as insinuações do amanhecer que as ofuscavam.
Uma paz a entorpeceu novamente, sonhou perante os primeiros fulgores do dia.


sábado, 28 de maio de 2011

SEM CONTORNO DE SOMBRA



Ela passou vários dias desabitados, com a mente vazia.
Estava viva como uma flor no alto da montanha, e não sabia como expressar os segredos que se escondiam no seu âmago.
Ela sentia o cheiro dos vinhedos sem nunca tê-los visto.
 Sentia gosto do vento que seus cabelos saboreavam.
Costumava se perder no tempo.
Muitas vezes estava nas suas lembranças passadas como se ainda estivessem vivas  no tempo presente, e a moça pensava: vivo no meu principio e nele não existe passado.
Brinco de mãos dadas com o tempo.
Os eternos olhos infantis não querem chorar. Ainda não.
Quando manhã ela ao acordar não se transpassava da noite para dia, o sol brilhava e ela procurava a noite na claridade.
Pra ela era não era difícil, fechava os olhos e a noite voltava repleta de ventos e estrelas.
Ela brincava com esse tempo de dia e noite.
Todo o escuro e claridade, para ela, não passava de uma sombra.
Talvez seja somente a sua sombra de diversos ângulos do universo.
A sombra de si mesma perdida em um labirinto de sonhos.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

ENTREGA PARA O SR. LONGÍNQUO – NÃO PLANTE SEM CHUVA


Na ausência da ave os abutres invadiram o refúgio e beberam os seus ovos, assim para vida daquele pássaro voar e brincar com o céu não fazia mais sentido algum.
O ninho estava abandonado.
O tempo estava indeciso naquele fim de tarde quando ela regressava pra casa.
No caminho de volta, os seus pés dividiam espaço com o vento leve e pequeno que varria algumas folhas que a figueira deixara escapar, penetrava também nos longos cabelos que caiam nos seus delicados ombros.
 A sombra de uma nuvem serviu de guarda-sol para ela e o aroma de chuva escapava das frestas do fim de tarde, provocando arrepios nos galhos umedecidos de sol das árvores.
 Mais uma vez o tempo escorregava junto ao dia, e ela lembrou que foi em um dia desses que ele se despediu da sua vida...
Momentaneamente se lembrou da solidão que carregava dentro, presa no seu ventre como um feto ganhando vida com o passar dias.
No vai e vem dessas lembranças ela organizava sempre a fuga para não sofrer, não levantar a poeira da mobília já abandonada.
À noite esses pensamentos a convidava para fugir, como vento forte querendo arrancar o barco do porto, mais ela sempre se prendia ao ancoradouro da sua vida com  
medo das tempestades que poderiam se formar no horizonte.
Mas o lugar existia e ela bem sabia, estava escondido no aconchego daqueles braços já não mais devotados a ela.
Isso era a dor da ferida aberta.
Ela não sabia se era sonho a paisagem, mais era longínquo o azul daquele mar.
Aquele mar que a inebriava de tanto amar.
Mais era uma lembrança e já era noite.
 


quinta-feira, 28 de abril de 2011

PARA O SR. LONGÍNQUO EM UMA NOSTALGICA NOITE DE CARNAVAL – desculpe a demora



Já era alta noite de madrugada e os foliões já não sabiam o que era alegria ou tristeza, era terça-feira de carnaval e as cinzas da quarta-feira já começavam a se espalhar pelo ar repleto de embriaguez.
No meu peito a quarta-feira já existia desde os primeiros confetes jogados ao ar, desde os primeiros goles alcoólicos, desde os primeiros ecos de musica, desde os primeiros sinais de angústia em meu peito.
Nada foi tão triste como voltar àquela folia e não encontrar em sorriso algum o que me bastasse, a alegria que me suprisse.
Tudo parecia tão festivo mais eu estava surda àquela música, como se o tempo estivesse contido e não passasse por mim.
Era alma e corpo separados em tempo e lugares diferentes como quando sonhamos.
Desculpe Sr. Longínquo mais é que a sua falta me traz uma inspiração que rasga a pele, preenche as artérias e quando escrevo isso o fôlego também me falta, o sangue me falta e você me falta.
Tenho pensamentos, mas não tenho mãos para escrever.
Posso gritar, mas o eco da minha voz se perderá no vácuo do passado e você não me ouvirá...
Meus dias vivem presos nesse romance sem fim escrito na areia da praia.
E as ondas no seu vai-e-vem levam todos os dias os escritos e as palavras se perdem no fundo do oceano. E o mar dos meus olhos brinca de transbordar em cachoeira face abaixo.
E quando tudo isso passa ainda ouço uma goteira caindo do telhado lá fora.
Talvez ainda chova hoje.  








sexta-feira, 1 de abril de 2011

DUALIDADE DE SILÊNCIOS



 Pode se acender o escuro apagando uma vela.
A vela se esquece de si, e se deixar queimar, desfalecendo em calor e nostálgica claridade.
Quando a dor vem, atinge o coração retido no silêncio da busca, da solidão, da ânsia perdida no labirinto da noite.
O tempo é uma areia movediça, repleta de dias tênues e refinados de paisagens sugando tudo que temos, tudo que somos, tudo que procuramos.
Amar é remo em águas calmas.
Chorar é tempestade.
Despedida é falta de terra firme para os olhos sonhadores que voam.
  Só se sossega uma alma no refúgio dos braços.
Coração e oceano se alimentam de rios viajantes de terras remotas.
Fazer um poema é dar vida há muitas almas que dormem dentro do silêncio de nós.
Somente voz e silêncio perdido no meio do caminho.

quinta-feira, 24 de março de 2011

MULTIPLICANDO-SE EM SONHO E REALIDADE



De repente ele saiu do meu sonho e descortinou minha vida como se fosse um mensageiro há dizer coisas das quais eu jamais imaginava.
Era um dia chuvoso cheirando a nostalgia.
Mais ele apareceu e sorriu pra mim como se fosse um raio de sol se favorecendo do descuido das nuvens para fugir pra terra.
Era um sonho acordando, tocando na manhã e adornando os seus primeiros passos.
Vê-lo, foi como ver o mar pela primeira vez.
Encanto se unificando à paixão.
Já não era mais ele naquela fotografia já desnuda pelos meus olhos que, tantas vezes, contemplaram aquela face como se fosse um paraíso onde os meus desejos estavam guardados.
Já era ele de carne e osso, e meus olhos se encheram de broto com os primeiros sinais de chuva.
Como se o filme em preto e branco estivesse ganhando cores.
Foi como se o sonho pudesse tocar no real.
Só depois do vendaval saberemos quão forte é a roseira.
 O barulho anuncia a sua chegada, é o vento entrando pela casa  bagunçando meus cabelos e puxando na minha saia parecendo travessura  gente de pouca idade, isso é apenas um recado de como eu devo ornamentar a casa para uma chegada.

quarta-feira, 16 de março de 2011

PINTANDO UM QUADRO DENTRO DA ALMA



Há uma cruz na minha parede.
Também há quadros que parecem pensativos dentro de sua paisagem, taciturnos.
Há flores, pedras e abraços por todo canto da sala, numa pintura feita com dedos e ilusões.
Porém, viajo no que existe inacabado dentro da moldura de um deles.
 E vejo um velho sentado na soleira de sua porta a esperar pelo que lhe resta.
 Seu corpo padece, sua alma naufraga, seus olhos já arrasados fitam o pouco do azul do horizonte quase descolorido pela fraca visão.
Os dias ofuscados existem agora em cima de restos do passado.
Fortes dores o carregam para um abismo desconhecido.
Suas feridas abertas ao relento doem, seus olhos choram ao ver que a sua sombra é composta de solidão.
Tudo partiu: seus amores, suas aventuras da mocidade, seus amigos, seus poemas, o cheiro de infância, até suas canções tornaram-se composições tristes.
O velho ver a janela do tempo se fechar, nos seus braços já não guarda mais um cheiro da vida que guardava quando criança.
O cansaço da vida deixou seus olhos fundos.
As enxurradas de lágrimas deixaram o seu fôlego pequeno.
 E o espelho do tempo vai se ofuscado lentamente...
A vida e suas dualidades acontecendo em uma coisa chamada instante.