segunda-feira, 26 de julho de 2010

HÁBITO DE QUERER ESTÁ



De repente passei a viver no silêncio da luz da lua.
Hipnotizados, meus olhos fugiram do rebanho. Tudo se tornou único.
A luz do luar.
A solidão descendo pelos seus raios parecia travessura de criança.
A noite também perdida na ilusão do universo lá estava.
Eu, apenas imaginação alçando vôo alto.
Sonhos e nostalgia, pra mim substantivos concretos.
Composto de matéria e espírito, esse ser que em mim habita, ousa está sempre.
Sempre no impronunciável de cada verso solto e leve como uma pena suspensa no ar.
Isso está em mim pairando como nuvem no aconchego da montanha.
Não sei o que dizem os sábios, mas, eu, talvez seja o desvio do curso do rio.
Talvez, só hoje.

domingo, 18 de julho de 2010

CANTIGA PARA APRENDER A AMAR POR QUE CHORAR JÁ SE SABE



Os lençóis subterrâneos do meu peito jorram.
Não sei qual amante fui, ou se me perdi na definição da coisa.
Queria encontrar um breve resumo de tudo que não sei de mim.
Encontrar a garrafa que foi arremessada ao mar com todos os meus segredos.
Mergulhar na gruta escura do oceano que se fez aquele sonho.
Construir no enigma das retinas a passagem para o tesouro.
Tenho a lembrança do coração que comportava todos os meus pertences, principalmente a minha lembrança da eternidade.
A noite negra acalenta os olhos das estrelas. Quase joguei meu corpo fora, quis sair de mim para ver como era o paraíso das almas. Um ateu me fez acreditar em Deus.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

PARA O HOMEM QUE NÃO SABIA CONSTRUIR SONHOS


Corei por que não sabia dizer eu te amo.
Sem querer tropecei um beija-flor morro entre as rosas do jardim.
Só queria saber em qual ponto eu desfaleci, em qual parte da estrada eu olhei de lado quando deveria seguir em frente.
Por que um brinde a felicidade se fingimos o sorriso ofertado, eu sei de mim e disso tenho certeza.
Eu dizia pra ele viver mais, não procurar em lugares distantes o que se pode encontrar perto, aqui dentro. Mais a sua linguagem era outra.
O que fazer para mudar o ciclo das coisas da vida, dos sentimentos que o ser humano carrega impregnado na alma.
Saber que tudo é psicológico não é um grande enigma, mais domar nossos instintos é como se estivéssemos dentro de uma mágica, sem saber se conseguiremos desvendar qual porta se deve abrir. Contemplar os olhos do ilusionista e acreditar que eles são verdadeiros, brincar de acontecer em um mundo de magias.
Talvez o coringa do baralho seja só uma ilusão de óptica.
Jogar pra cima uma moeda e apostar em um dos seus lados às vezes é cruel, qual será a sorte desse meu dia que já sinto a sombra a tristeza. Por ele quis me ausentar de mim, me afastar da fortaleza que eu pensava me rodear. É inevitável, minhas veias estão dilatadas, mais ainda posso acreditar na cura.
Coloquei minha alma em uma catapulta e a lancei no universo, só quero senti-la suspensa, vagando no ar em que me perdi.
Quem sabe o paraíso só exista no mundo de criança que ainda sobrevive dentro de mim.
Queria virar a ampulheta ao contrário quando os meus olhos estivessem cegos e o ar estivesse rarefeito.
Só tenho pensamentos vagando nessa concha vazia dos dias.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

NO SUSPIRO DOS DIAS –seguindo o seu percurso



Nunca recebeu flores, a não ser do jardim que se insinuava todas as manhãs para os seus olhos contemplativos.
Estava confusa, seu corpo, alma, sonhos, em que rotações se encontravam?
Se um dia se formasse um rebento no seu ventre ainda virgem, que nome lhe daria.
Assim como Vênus, não sabia se a deusa ou o astro, ela procurava indícios do seu princípio no universo.
Sentia sua vida tão cheia de passado, que desacreditava na idéia de presente e futuro.
Talvez aquela mulher não necessitasse de um episódio extraordinário naquela madrugada em que sono lhe causava receio.
Apenas uma coisa chamada esperança desviar-se dela nos últimos tempos.
Pensava na solidão que mais uma manhã lhe desejaria bom dia. Chorava sem procurar motivos para não morrer de agonia.
Desde que ele partira, assim se improvisavam os seus dias.
E, além disso, ainda aquela fragrância que ficara guardada no frasco de perfume.
Quantos rabiscos espalhados pelo chão da sua vida, como seria uma página escrita sem erros. Não sabia.
Perdão. Ela pedia para a sua alma cambaleante.
A tristeza se misturou ao pó daquela manhã sem objetivos.
Ela adormeceu sem nem saber mais de si.

terça-feira, 6 de julho de 2010

SEM SE SABER - noite sim, dia talvez


Acordo atordoada sem saber se estou mesmo de volta, o relógio pendurado na parede marca 6:00 horas, transtornada passo alguns minutos com a cara de morta observando o silêncio do meu quarto e o tic-tac do o relógio que tanto me irritava, agora é o que me faz companhia. Sentindo o sol cada vez mais próximo vejo que tenho que levantar e penso em mais um dia oferecido a mim como se fosse uma fatia de bolo ressecado do outro dia.
Terei que engolir.
O chão está frio e minha alegria miserável e medíocre me incomoda como os farelos deixados na mesa depois do banquete. Eu me lembro bem.
Vou até a janela, queria me despedir de mim e viver em um espaço de tempo que tudo estivesse em uma conspiração de paz.
Queria alcançar o fruto doce e vermelho, no entanto, o galho é alto demais.
A manhã está acontecendo, e sol apaga os resquícios da noite.
Sei que existi.
O horizonte me traz a idéia de que fui esquecida na mudança repentina.
 Será que acontecer é assim?
Sinto o vento frio da manhã entrar na casa vazia.
A valsa se fez em sonho. Estou voando.