LIVRO: FRAGMENTOS DE SAUDADE - Izabel Goveia


A poeta, blogueira, escritora e colaboradora do Phallos Izabel Goveia lançou recentemente seu primeiro livro, Fragmentos de Saudades. Em comemoração, lançaremos nos próximos dias matérias sobre o mesmo e textos da autora.
O escritor Alessandro Palmeira prefaciou a obra.
O livro conta ainda com belas imagens de Edierque Santana, pintor e ilustrador, que dão ainda mais vida aos belos poemas.
O livro pode ser adquirido pelo saite Clube de Autores, no linque
http://clubedeautores.com.br/book/10069--Fragmentos_de_Saudades

AMÂNCIO SIQUEIRA



Desenho: Diel

PREFÁCIO

A poetisa afogadense Izabel Goveia faz melodia do próprio silêncio e, da solidão, a melhor companhia. Hipnóticos e arrebatadores, os versos do seu livro Fragmentos de Saudades nos conduzem ao sentir de uma poesia acontecida em cascata. Poesia com cheiro e textura de alma.
Izabel existe veementemente. Faz de sua vida um delírio poético. A poetisa poema a ebriedade dos acontecimentos, nos dando o prazer de embriagarmo-nos em seus porres verbais. Izabel sabe muito bem fazer dançar a sua vida e o valsar de suas palavras segue o ritmo envolvente de um bolero de Ravel. A poetisa não modela teses para explicar sua essência poética, ela evidencia, com a elegância de suas palavras, a polidez do seu percurso criativo.
Em um de seus poemas a escritora nos diz: “Uma carência perene se faz em mim, nas ruas em que mendigo um pouco de vida.” Nessas questões da alma, ela não nos ensina a experimentar a dor, mas a sabermos doer.
Um exemplo contundente de sua excelência poética está na confissão: “Eu queria mesmo era a tua biografia escrita em minha pele. Mas o que tenho são os teus rascunhos indecifráveis”. Izabel é dona de uma escrita pujante e límpida. O laconismo de alguns versos evidencia o seu modo sereno de sintetizar a existência. O seu existir é um eterno despir-se para as coisas belas da vida. Amante da natureza, ela reverencia com versos tenros o que lhe oferecem os lírios.
O livro traz em seu bojo a sensibilidade inerente ao espírito irrequieto e criativo da poetisa. Um livro profundo e marcante. Poesia viva, de doer na carne e deixar marcas de cicatrizes na alma. Poesia de vestes líricas, de transbordante ternura. Fragmentos de Saudades não é um livro, é um estado de espírito.

ALESSANDRO PALMEIRA





POSFÁCIO

Os bons poetas são dotados de ritmos próprios, que imprimem às suas sentenças uma musicalidade que faz dançarem as palavras. Há poetas, porém, que transcendem esta qualidade e não apenas dizem às palavras: Dançai, mas dançam com elas. Que aceitam o seu convite e dançam em seu próprio ritmo. Palavrentidades, verboviventes, palavrobjetos. Não objetos concretos, cortantes como a faca, duros como a pedra, como na composição cabraliana. Objetos sensíveis ao toque, maleáveis, quase abstratos de tão diáfanos. Palavras que bailam ao ar, escorrendo entre os dedos como areia da qual somos feitos.
Nesta categoria de poetas dançarinos, embebidos do ritmo das palavras, colocaria Carpinejar, Palmeira e a nova poetisa Izabel Goveia, que tem bailado em seus textos ao ritmo da insensatez do seu sentir, todo silêncio de palavras tecido.
A música que Goveia capta das palavras é, a despeito de toda sua carga de feminilidade, um balé infantil, de espontânea ludicidade, uma ciranda de palavras tristes. Como criança que brinca sozinha, embora as palavras sejam suas companheiras de brincadeira. Observa-se que não há nada fabricado com esforço, nada coagido, como profissão. São jogos espontâneos. Talvez por ser apenas brincadeira haja ainda poucos textos de Goveia, mas com grande valor literário.
Todavia, não são apenas ritmo as palavras que monologam seus diálogos ao ouvido da poetisa. São sentimento entranhado, caos encravado no peito. Palavras em fuga. Da alma e do papel. As palavras passam esvoaçantes diante de nossos olhos marejados, cada uma com personalidade própria. E são geniosas essas palavras que habitam Izabel. Não se deixam confundir, embora apreciem a confusão. Dotadas não apenas de vida, mas de asas, voam sob o luar choroso das emoções da poetisa.
O ser de Izabel Goveia é gaiola, na qual estão presos esses pássaros-emoção, que voam alegres quando os olhos da poeta se abrem em lágrimas e sorrisos. Lágrimas de liberdade. Sorrisos de poesia. Aves famintas de existir, loucas por voar a vida, esvoaçar suas nuances.
Um verdadeiro delírio de sentidos, tais aves emigram como nós, humanos incapazes de voar, dos plátanos do desejo ao deserto da saudade. São plenitude de vida. E vida é sofrimento. É dor o que nos mostra que ainda podemos, que ainda há passos na caminhada. Que ser é saudade. Sim, esses pássaros govenianos emigram, apenas para sentir no peito o agudo dolorir da saudade de seus lugares. São muitos os lugares, pois no peito da poetisa há uma enlaçada saudade de si mesma, este lugar-existir. Sua poesia é um fugir pra dentro.
Sim, as palavras de Goveia escorrem entre os dedos, porém sem gravidade: escorrem para o ar, flutuantes ao vento de seu sentir-saudade.
Cabe-nos apenas deliciar-nos com este vôo de emoção, esperando que Izabel Goveia abra mais vezes a gaiola do seu ser e liberte-se, bailando no ar junto de suas palavraves.



AMÂNCIO SIQUEIRA


Chegando na  casa de Lellis - Surpresa



Autografando o livro de Tiago



Sarinha...


Meus amores....