Estamos sempre partindo. Partindo
para os nossos sonhos, partindo para deixá-los.
Não era só um amanhecer que ela
buscava, era um riso singelo de um dia de sol sem nuvens no céu. Cada partida
era também um ponto de chegada, o tempo voava e ela tinha pressa. O sonho
estava espalhado em cada gota de sangue seu, o amor acontecia mais agora era
saudade. O amor era um existir dissolvido em sua alma, mais também era
lembrança fugindo de casa.
O amor era ausência. Era desespero.
Era ânsia.
O amor agora era ninguém que estava
sempre presente e todos os seus dias existiam na sua companhia. Quando chegava, a casa não estava mais vazia,
por que ninguém estava a sua espera. Ninguém
era cuidadoso, perguntava como foi seu dia e ouvia com atenção suas histórias cotidianas, ninguém era paciente.
Ela e ninguém jantavam sempre juntos e as horas eram nostálgicas. Ninguém
segurava sua mão na hora de dormir mais não a protegia dos pesadelos.
A princípio a moça não gostava de
ninguém e queria fugir, mais ninguém estava em todo lugar, tanto que ela se
acostumou com a aquela presença que contornava os seus dias. Ninguém a amava,
mais a moça queria voar. Ela não sabia se partiria para os seus sonhos ou para
deixá-los.
Ela estava acontecendo, sem saber
se era casulo ou borboleta.
Existir lhe bastava.