sábado, 18 de junho de 2011

VIVO, QUANDO DISTANTE PARA AQUELES OLHOS


O vento daquele fim de tarde fazia uma criança brincar com seus próprios sonhos. A pipa voava liberta no céu dando vida aos últimos suspiros do dia que se despedira adornando o céu em tons  claros e nostálgicos. Todo fim de tarde se parece com uma despedida.
Despedimos-nos de nós mesmos, das nossas alegrias, nos despedimos dos nossos sonhos, e pensamos: mais um dia...
Assim com essa nostalgia não nos despedimos da saudade, ela sempre nasce no fim tarde e percorre nossa vida como se nada mais pudesse existir além daquele fim,  quando já não podemos mais fazer o que almejamos porque, o dia já morre e a noite é muito silenciosa para gritarmos nossos desesperos.
Quando o dia morre, pensamos na nossa própria morte e contemplamos os vestígios de claridade com mais amor e esperança de que eles voltarão e poderemos abrir novamente os olhos e o dia nos esperará.
Vivemos assim com olhos postos sobre a vida alimento um velho saudosismo que nos impede de não lembrar as paisagens contempladas e que hoje já existem longe demais para os nossos olhos, já cansados, alcançar quão grande é o seu esplendor.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

UMA CHUVA DE SENSAÇÕES – É SEMPRE PRECISO


E não foi só os olhos que choveram, toda a nuvem desabou em suicídio.
Com as árvores mortas a terra estava nua e fria.
E o ar silencioso cobria toda aquela noite com seu manto nostálgico.
Existia um mundo dentro daqueles olhos inundados, como um artefato antigo no fundo do oceano.
Na face nítida da noite existiam algumas estrelas pálidas em sono leve.
Mais ela sempre tão completa, sentia agora um estranho prazer no mistério daquela coisa que não só ardia na pele, mais também a encantava.
A moça descobria o segredo do sentir em ricos detalhes. Ela não era o ser que chorava, era a lágrima que escorria contando sua tristeza para face que se doava com devoção para aquela expressão encharcada.
E não foi só os olhos que choraram naquela noite, não foram só algumas lágrimas fugindo pelo canto dos olhos, todo seu ser comoveu-se e fez silêncio em respeito aquele coração que escurecia sem esperança de um alvorecer.
Os pássaros assustados voaram em plena madrugada.
Ela não sabia se as pálidas estrelas tinham morrido, ou se eram as insinuações do amanhecer que as ofuscavam.
Uma paz a entorpeceu novamente, sonhou perante os primeiros fulgores do dia.