O amor deles se fez num percurso cheio de ruas, no vagar das noites, não no acolhimento de uma cama cheia de cobertas. Eles preferiam assim, o frio sonolento da madrugada, gostavam de aventuras. Era mendigos de ilusões.
Com a vida curta o amor precisava existir como se cada minuto fosse um ano, assim eles podiam ter uma idéia de eternidade, eles sabiam. No país dos seus sonhos havia flores o ano inteiro.
Ela, era poética, carregava nos ombros muitas tristezas, mas ninguém nunca a vira cansada de sorrir, gostava de enganá-las.
Ele,era uma espécie de solidão que ela não compreendia, seus olhos costumavam se perder no infinito do nada, quando isso acontecia, ela sorria e ele, voltava depressa para ela, talvez procurassem um saciar de alma. Na eternidade do momento eram um casal que já viviam há cem anos, dois velhinhos num banco de praça olhando o nascer da lua... Assim eram felizes sem acreditar que a noite acordava o dia, o dia era cotidiano na vida deles...
O tempo passando, tristeza se fazendo como o céu se preparando pra chover...
Era vazio sendo implantado no peito, num espaço pequeno, rasgando a carne.
Ele. Ele indo embora, ela sem poder partir... À medida que a distância aumentava, ambos sangravam de ausência como represa cheia. No desespero da partida os dois pareciam viajantes na beira da estrada, acenando e implorando para que o tempo não os deixassem separados . Mais o tempo disse: - Flor em fim de primavera se dissipa...
Choraram, partiram um do outro; e no vazio que deixaram, o vento dançou com a tristeza, a noite vendou os olhos da lua ela poeticamente sensível. A amante era mulher, mais no seu corpo ainda chorava uma criança e para fazê-la dormir, a ilusão contou-lhe uma história... Ele já era sonho...
Ao seguir dos dias, o deserto caminhava... E tudo se fez assim... Correndo. Um rio se fazendo no curso de cada lágrima que caia e deslizava nos cabelos da saudade para um lago profundo: Ausência.
As bordas de suas lembranças estavam ressecadas de solidão, havia sede.Sem explicações.
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