quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

CÉU ESTRELADO – o cobertor da noite





Quando na ausência da luz do dia, a noite foi chegando sem pressa, tentei fugir, esconder-me de algo que denunciava o meu ato libertino.
O céu acordando aos poucos, com um sorriso preguiçoso, olhos semi-serrados, deixando as estrelas aos poucos darem suas caras, olhava pra mim como quem dizia: eu sei.
Eu, réu culpado,não tinha como mentir, provas convictas estavam em cena, logo no exato momento em que se encontrava eu e o amante unificando o sabor da carne, olhei nos olhos das estrelas e senti o ardor e o frio da madrugada cheia de sussurros e carícias.
Culpada! Soube disso nesse momento e apreciei sentir o gosto do pecado sem temor.
O decifrar da loucura, o sabor, a pele ressacada.
O dia amanheceu com cheiro de passado e tal coisa me rodeava.
O que seria a coisa senão meus pensamentos que cochichavam nos meus ouvidos quando eu tentava escapar daquele corpo que já alheio ainda me tocava.
E tentando apagar aquele drama, pincelei a tela tentando mudar a paisagem, no entanto, a tinta dos meus conflitos tornava-se incolor diante do cesto de frutas maduras do pomar.
O gosto ainda me deixa com água na boca.
Chuva que cai e alimenta as flores que sentem fome.

Nenhum comentário:

Postar um comentário