quinta-feira, 29 de outubro de 2009

DISSIPADO-SE EM SOLIDÕES



Quando pensei em escrever um poema sobre o deserto, nunca consegui entender o porquê de tal vontade.
Muitas vezes peguei a esferográfica para delinear suas curvas através das minhas palavras, mas quando me via lá estava eu, perdida na sua secura, no seu cansaço, na sua sede, nas suas miragens. Quantas vezes senti a minha garganta arder, meus olhos secos e cheios de areia quererem lágrima.
Experimentei a fúria do seu calor nos calos dos meus pés, quantas vezes pensando no deserto, desejei ser um manancial para os pobres viventes que nele habitam.
Uma sombra de nuvem para os que se molham de sol.
Uma súplica para os desabrigados de esperança.
O deserto é um lugar que clama por vida.
Os olhos do deserto sentem fome.
Procurei compreender quão grandemente era a minha dedicação por esse lugar tão repleto de solidões e percebi que, ele repousa dentro de mim.
E no deserto da minha solidão, o vento varre as dunas dos meus sonhos e tudo é pó.
Sou caravana carregada de ilusão.
Na noite que há em mim, é campo florido nos meus sonhos.
O céu cheio de estrelas abriga o frio da noite...
Tudo é inóspito, mas, existe vida.

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