domingo, 17 de outubro de 2010

MAIS UMA CARTA PARA O Sr. LONGÍNQUO - AINDA RENASCENDO


Hoje menino, eu resolvi contar essa história pra você.
Não se preocupe com as borboletas, elas não morreram para o meu coração.
Começavam assim, todos períodos de colheita. Adubava terra, plantava com carinho as sementes sonhando com os seus frutos e esperava pela chuva. Todos os dias eu esperava pela chuva.
O horizonte quase sempre estava vazio, ela na maioria das vezes aparecia em períodos tão distantes uns dos outros, que as sementes nasciam prematuras, isso me entristecia. No tempo da safra o cultivo estava desnutrido da essência que eu tanto precisava, a chuva não trouxera as flores, e os pássaros fizeram seus ninhos em outros lugares.
Como sobreviveria sem aquele sonho...
A esperança fugiu, foi embora pegando carona em outros olhos.
E a tristeza veio na dissipação dos amores, sonho de nuvem carregada de vida.
Mais ela viria, fazendo renascer do escuro dessa terra um broto.
Cuidei, devotei minhas mãos e o meu coração para um sonho e colhi uma safra de solidão.
Nesse deserto dentro, dentro dessa eterna busca ainda existo.
Farei-me nascente brotando nos olhos dessa saudade delirante.

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