sexta-feira, 3 de junho de 2011

UMA CHUVA DE SENSAÇÕES – É SEMPRE PRECISO


E não foi só os olhos que choveram, toda a nuvem desabou em suicídio.
Com as árvores mortas a terra estava nua e fria.
E o ar silencioso cobria toda aquela noite com seu manto nostálgico.
Existia um mundo dentro daqueles olhos inundados, como um artefato antigo no fundo do oceano.
Na face nítida da noite existiam algumas estrelas pálidas em sono leve.
Mais ela sempre tão completa, sentia agora um estranho prazer no mistério daquela coisa que não só ardia na pele, mais também a encantava.
A moça descobria o segredo do sentir em ricos detalhes. Ela não era o ser que chorava, era a lágrima que escorria contando sua tristeza para face que se doava com devoção para aquela expressão encharcada.
E não foi só os olhos que choraram naquela noite, não foram só algumas lágrimas fugindo pelo canto dos olhos, todo seu ser comoveu-se e fez silêncio em respeito aquele coração que escurecia sem esperança de um alvorecer.
Os pássaros assustados voaram em plena madrugada.
Ela não sabia se as pálidas estrelas tinham morrido, ou se eram as insinuações do amanhecer que as ofuscavam.
Uma paz a entorpeceu novamente, sonhou perante os primeiros fulgores do dia.


2 comentários:

  1. Profundo! Parabens!

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  2. As estrelas que caem sempre são inesquecíveis. Ofuscam o brilho e a existência de tudo que esta em volta. Estas estrelas chamam cadentes, por estarem caindo, naturalmente. Ao olhar o céu, por entre nuvens intrusas, revelo do manto nostálgico estrelas pálidas em sono secular, percorro todo a semi-esfera, com interesse voraz, uma única estrela, aquela que cai, que brilha e que mesmo sendo única e nunca mais existente, me traz pílulas de nostalgia.

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