Era um dia frio que doía na ponta dos
dedos, o moletom que há muito na saía do armário deu trajes novos e traços
finos para a moça que esfregava as mãos sentada a mesa.
Pela porta entreaberta entrava um vento
sorrateiro que esfriava os seus pés, ela encolhia os dedos ainda mais dentro
das meias.
Lá fora a vida estava acinzentada e
orvalhada de pequenos pingos de gelo que davam
traços cristalizados de inverno para aquela manhã.
A fumaça esbranquiçada saía da chaleira
que ardia em calor no fogo.
Após alguns minutos com o café devidamente passado
a moça enquanto aquecia suas mãos na xícara, saboreava em pequenos goles o café
que prazerosamente ainda estava bem quente; o hálito ardente da xícara aquecia
seu rosto enquanto ela de olhos semicerrados sentia despertar as sensações que se escreviam dentro
daquela manhã. Dentro da sua vida.
Olhou ao redor e o silêncio repousava em
cada móvel dentro daquela casa, como a poeira baixando após um redemoinho.
Abandou o café e decidiu buscar algo
novo, ainda era cedo demais para receber visitas tão fortes de algumas lembranças
naquele dia. Não queria a sua história e, sem escolher pegou um dos livros que
estavam espalhados pelo seu quarto, se envolveu nas cobertas confortáveis e leu
por algum tempo que pareceu eterno dentro daquelas palavras.
Quando
fechou o livro e retornou para o seu mundo, o dia ainda estava coberto de
neblina e as horas, bem as horas já não importavam, por que, dentro da sua alma
o tempo não tinha passado.
Como todos os outros, lindo, parabéns minha poetiza eterna, vejo que sua mente se afia com constácia pela distáncia dos que deixou para tráz!
ResponderExcluircheiros
Bel, doce Bel...
ResponderExcluiras palavras que te transbordam são lindas e criam imagens, fotografias na mente. Penso que são tua verdade, ainda que por vezes triste e solitária, contradizendo com esse sorriso que habita em tua face.
És toda ternura, querida. E sinto saudades...