quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

CASULO ABANDONADO



Como uma mulher que tece a mortalha para esperar o corpo do filho voltar da guerra, me senti paisagem manchada de tristeza.
Um soldado em tempos de guerra sonhando com o cheiro de frutas frescas colhidas no quintal de casa.
Um aroma sonhado, uma flor brotando em meio à carnificina.
A neve congelou meus pés e o frio taciturno da montanha entorpeceu os meus pensamentos.
O trovão da tempestade ensurdeceu meus ouvidos.
Os arbustos fecharam o caminho que outrora fora um rumo para os meus dias cheios de névoa.
Sou um pássaro que voa sobre um oceano que, cansado se entrega ao mar como se, oferenda fosse.
Amputaram meus sonhos desnudos na ternura da entrega.
Confidenciando um desejo, me entreguei ao inimigo.
Meu coração é uma aranha que tece sua teia no escuro mistério da noite e, ao amanhecer oculta-se como
bicho assustado.
No horizonte se guarda a ânsia de um olhar, uma espera.
Uma âncora se aprofundando nas águas do cais abandonado.
No entanto, na insignificância dos dias, aos poucos a existência se renova.
Um broto de vida também pode nascer de um tronco decepado.
Tudo se metamorfoseia na vida, uma marionete do tempo.

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