quarta-feira, 19 de maio de 2010

A ÁRVORE E SUAS ÍNTIMAS CONFISSÕES



No verão é quando mais doe.
Seus braços que eram aconchego onde os pássaros faziam seus ninhos, agora estão desabrigados como alguém que clama por socorro. Esses moços emigraram para acolherem-se em outras moradias.
As canções que ela ouvia também voaram nos bicos poéticos.
Ensurdecida é agora pelo o barulho de vento rasgando o silêncio seco e abrasador.
Na madrugada ela sente saudades de suas roupas que a protegia do orvalho frio.
Não tem mais o cheiro de flores nem borboletas nos seus cabelos.
Tudo amanhece lento.
No outono é quando mais chora.
Automaticamente sua face se torna amarelada, seus olhos tristes vão discernindo toda a paisagem se modificando, vestindo o chão com as folhas inertes.
Enquanto ela, pouco a pouco é descoberta como mulher nua e solitária a espera de um carinho.
Inverno é cobertor ou vontade dele.
Ela sente sono e descansa por um longo período sentindo seu corpo ligado ao mundo através de suas raízes.
Todas as noites ela sonha com o aroma e o colorido dos campos.
Senti seu interior revigorando, sua respiração mais forte.
Desabrochar é primavera, amar novamente.
A vida soprou nos seus ouvidos em manhã com cheiro mato fresco dizendo:
Cheguei, acorde.
Era ela!
Seu coração palpitante quase não teve tempo de se espreguiçar.
Reconstituindo-se rapidamente, ela tratou de gerar sua roupagem juvenil.
Em pouco tempo ela era árvore feita, revestida de folhas que dançavam no ar, deixando pingar por entre elas pedacinhos azul do céu.
As flores ornamentavam a vida silvestre.
Ela pôde novamente enxergar a revoada de pássaros voltando para musicar novamente a sua vida.

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