quarta-feira, 30 de junho de 2010

QUANDO O ADEUS NÃO VAI



Seus sonhos foram inundados de sangue. Até a beleza do céu foi comprometida pela fumaça negra que fugia dos destroços carregando um cheiro carnificina.
Como sair naquele campo minado que se formara a sua vida, estaria armada a bomba no espaço que seria reservado para o seu ultimo passo? Não sabia, só sabia que  continuava no seu caminhar cansado e lento, ofertando para o destino a ultima parte da sua existência.
O nevoeiro escondia o caminho, solitário seguiu o soldado ainda tateando, apalpando o acaso como se fosse levando nas mãos a chance de vida que a morte lhe ofertara. Os seus passos o levavam para longe do som dos canhões que gritavam: morte!
Já longe, o soldado pode ver que além daquela espessa capa negra de fumaça, existia o azul do céu, azul, assim como o vestido que a sua mãe usava quando os seus olhos de adeus lhe viram partir para sempre, ou não.
Ele sorriu como há muito tempo não fizera e foi embora carregando essa lembrança nos olhos.

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