terça-feira, 31 de agosto de 2010

Para o Sr. Longínquo com devoção – 1ª carta depois de passadas estações




Assim disse a moça da previsão do tempo que o dia seria nublado com uma rápida passagem de chuva pela região, o motivo seria uma frente fria vinda do oceano.
E eu pensei comigo: chuva hoje!
E ele tão longe, será que choverá também na sua terra?
Parecia mais premonição, já que nos últimos dias eu andava me ausentando de sol.
Já não era previsão que as nuvens viriam para mim.
Naquela manhã preparada de ansiedade, em mim se formava o nome dele como um vulcão adormecido, despertando depois de uma história quase apagada.
Um poço perfurado dentro do meu dia composto de deserto e saudade.
E tudo vem, brotando como água salobra vinda dos olhos.
Mais o amor e o vinho guardado ainda estão à espera de um brinde.
E a saudade destilada se faz cada dia mais forte aqui dentro desse barril de lembranças.
Indecifrável é esse ciclo sem começo nem fim, e que existe dentro de mim chamando o teu nome.
Sr. Longínquo, tudo que sinto ainda está aqui.
Agora a chuva já existe na sua poesia molhada.
Arfando no galho dos dias, está o casulo da existência esperando por nós.

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