sábado, 4 de setembro de 2010

Para o Sr. Longínquo não me esquecer - Outra carta sem espera de resposta





Sobrevivente do naufrágio estava eu.
Jogada em terra firme, o que já era muito, diante de tudo que tinha sido levado pela fúria do tempo.
Os destroços, a vida, o medo, tudo se confundia, se ofuscava para os meus olhos.
Cambaleante, sabia que a correnteza por ali havia passado, e eu ainda não sabia clamar por socorro.
Ausente do que era, eu só percebia que estava viva por causa das pulsações que ainda estavam latentes, apesar de toda a bagunça para se consertar.
Apenas viva eu estava, não era muito, mas era um começo.
Só queria levantar, caminhar e construir um horizonte, já que as nuvens negras ainda pairavam no céu.
Penso assim porque estou conhecendo o âmago de está em uma solidão desconectada de qualquer outra parte.
O Sr. já não se comove com o barulho da chuva, enquanto eu, sou a própria chuva caindo rotineiramente aqui, e não cansa.
A direção já não importa para os meus pés indecisos, só almejava chegar.
Chegar e bater na porta, sem desculpas.
Tão estilhaçado está o meu corpo que não sabe onde e a dor.
Mais dói, dói muito nessa estação.

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