segunda-feira, 3 de setembro de 2012

ELA DE OLHOS ACINZENTADOS DENTRO DE UMA MANHÃ




Era um dia frio que doía na ponta dos dedos, o moletom que há muito na saía do armário deu trajes novos e traços finos para a moça que esfregava as mãos sentada a mesa.
Pela porta entreaberta entrava um vento sorrateiro que esfriava os seus pés, ela encolhia os dedos ainda mais dentro das meias.
Lá fora a vida estava acinzentada e orvalhada de pequenos pingos de gelo que davam  traços cristalizados de inverno para aquela manhã.
A fumaça esbranquiçada saía da chaleira que ardia em calor no fogo. 
Após alguns minutos com o café devidamente passado a moça enquanto aquecia suas mãos na xícara, saboreava em pequenos goles o café que prazerosamente ainda estava bem quente; o hálito ardente da xícara aquecia seu rosto enquanto ela de olhos semicerrados sentia  despertar as sensações que se escreviam dentro daquela manhã. Dentro da sua vida.
Olhou ao redor e o silêncio repousava em cada móvel dentro daquela casa, como a poeira baixando após um redemoinho.
Abandou o café e decidiu buscar algo novo, ainda era cedo demais para receber visitas tão fortes de algumas lembranças naquele dia. Não queria a sua história e, sem escolher pegou um dos livros que estavam espalhados pelo seu quarto, se envolveu nas cobertas confortáveis e leu por algum tempo que pareceu eterno dentro daquelas palavras.
 Quando fechou o livro e retornou para o seu mundo, o dia ainda estava coberto de neblina e as horas, bem as horas já não importavam, por que, dentro da sua alma o tempo não tinha passado.
            

2 comentários:

  1. Como todos os outros, lindo, parabéns minha poetiza eterna, vejo que sua mente se afia com constácia pela distáncia dos que deixou para tráz!
    cheiros

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  2. Bel, doce Bel...
    as palavras que te transbordam são lindas e criam imagens, fotografias na mente. Penso que são tua verdade, ainda que por vezes triste e solitária, contradizendo com esse sorriso que habita em tua face.
    És toda ternura, querida. E sinto saudades...

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